Experiências de leitura e escrita

   Não tive pais leitores para me apresentar o mundo da leitura. Livros em casa, só os didáticos que meus irmãos usavam na escola. Dentre eles, a cartilha "Caminho Suave".

   Eu e minha irmã mais velha brincávamos de "escolinha". Ela obrigava-me a olhar todos os dias as lições da cartilha, lia e dizia:"Agora é a sua vez". Só havia um problema: eu não sabia ler. O esforço dela deu resultado; quando eu entrei para a escola, já sabia ler e escrever.

   A escola teve um papel fundamental em minha vida. Lá havia uma biblioteca que ocupava duas salas de aula, onde trabalhava uma bibliotecária.Sim, há 35 anos atrás as escolas tinham o privilégio de ter este profissional. Podíamos ir todos os dias escolher livros e levá-los para casa, pois a professora da 1ª série nos incentivava.

   Quando me lembro, ainda posso sentir o cheiro dos livros.  Ao devolvermos o livro, a bibliotecária pedia que contássemos a história lida. Recordo-me de um livro cujo personagem principal era uma cachorra. Eu dizia "cachórra", aliás, aqui em Indaiatuba, muitas pessoas falavam assim. Ela me corrigiu o tempo todo:"É 'cachôrra' que se diz."

   Bem, só sei que havia descoberto um mundo novo, bem mais interessante do que aquele em que vivia. Eu visitava todos os dias um local diferente, vivia e sentia as mais diversas e envolventes emoções, conhecia inúmeros personagens...

   Daquela época, guardo com muito carinho um único livro: " O patinho feio", porque foi meu primeiro livro. Aquele eu não precisaria devolver, era só meu e fora um presente da minha professora D.Rosalina.

  A partir daquele momento, a biblioteca da escola já não era mais suficiente para o tamanho da minha curiosidade, então comecei a frequentar a biblioteca pública.

Sem dúvida, o prazer e a magia de ler me transformou e continua me transformando a cada leitura.